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7 - Que havemos de fazer?



Alguma coisa intensamente forte aconteceu para que os discípulos que eram os mais próximos de Jesus tivessem começado a anunciar a certeza de que Deus o havia ressuscitado. E testemunhavam-no cheios de fervor, numa atitude repentina e absolutamente oposta àquela que haviam experimentado apenas dias antes, um fervor totalmente oposto ao do sentimento de fracasso e vergonha pela condenação e morte do Mestre que acreditavam ser o Messias esperado.
Chega até nós o testemunho de Pedro, diante de uma multidão de habitantes de Jerusalém:

« “(…) Foi ESTE Jesus que Deus ressuscitou, e DISTO NÓS SOMOS TESTEMUNHAS.
Tendo sido elevado pelo poder de Deus, recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e DERRAMOU-O COMO VEDES E OUVIS. (…)
Saiba toda a casa de Israel, COM ABSOLUTA CERTEZA, que Deus estabeleceu como Senhor e Messias a ESSE JESUS por vós crucificado.”
Ouvindo estas palavras, ficaram emocionados até ao fundo do Coração e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos:
“Que havemos de fazer, irmãos?”
Pedro respondeu-lhes:
“Convertei-vos e peça cada um o baptismo em nome de Jesus Cristo (…)”
Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações.”

Act 2,32-42

A quem se emociona verdadeiramente até ao mais profundo do Coração, absolutamente encantados pelo anúncio recebido da Boa Notícia que era este Nazareno, só surge uma pergunta… E agora, o que hei-de fazer?
Depois da força desta Notícia, a vida já não pode continuar igual, de tal modo se torna transfigurante, não é mais possível ficar indiferente.
“Que havemos de fazer, irmãos?”

A resposta dada é como um desafio a iniciar um novo caminho.
Foi pelo Baptismo de João que Jesus foi percebendo cada vez melhor o seu próprio caminho, e a partir daqui iniciou o que chamamos de “vida pública”.
É o Baptismo, um novo nascimento, em nome de Jesus ressuscitado, que os discípulos de Jesus sentem ser o primeiro passo para que aqueles que desejam aderir à Notícia de Jesus. É o início dessa caminhada assumida de deixar morrer o que em nós é mortal, e deixar nascer a Verdade do que em nós permanece.

Ao longo dos tempos, os discípulos de Jesus sentiram ser necessário um tempo de formação, de catecumenado durante um ano ou dois… era um tempo especiamente forte nos quarenta dias antes da celebração da Páscoa de Jesus.
E no dia em que é celebrada essa Festa das festas, a Páscoa/Passagem de Jesus da morte à Vida, aqueles que se haviam preparado previamente, recebem o Baptismo como quem, como Jesus, passa/faz a páscoa da morte à vida.

Depois…
“Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações.”
Sinto mesmo que a ordem de cada elemento desta frase não foi escrita ao acaso.
É que só com o ensino dos Apóstolos se pode encontrar um sentido e necessidade verdadeiros de união fraterna.
Só na união fraterna é possível encontrar sentido e necessidade de celebrar a fracção do pão.
Só da união fraterna celebrada na fracção do pão pode brotar verdadeira e sincera oração, que não é mais do que ter um Coração profundamente agradecido e também simples o suficiente para pedir ao Pai que nos ajude a ver tudo o que é bom e menos bom com os olhos d’Ele.

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