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Vivemos um Tempo em que se sentimos a necessidade de perceber tudo, entender os mecanismos das coisas que acontecem. Percebemos, por exemplo, a razão pela qual há muito gelo numa região, e outra é um deserto árido. E, um dia, até haveremos de encontrar a maneira de fazer nevar onde quisermos, depois de muito investigar, estudar, experimentar…
Quando nos colocamos diante do homem Jesus de Nazaré, colocamo-nos diante de um mistério. Quem disser que o conhece totalmente, que sabe todas as "coisas" acerca dele, é porque na verdade ainda não o conhece bem, podemos apenas ir intuindo através dos testemunhos escritos deixados por aqueles que viveram próximos dele, do Tempo em que a sua vida tinha os mesmos limites que a nossa. E vamos percebendo, tal como na experiência pessoal de cada um, que o conhecer alguém é sempre uma caminhada progressiva, que não pára nunca, se a relação se quer manter.
É preciso algum cuidado ao “olhar” para Jesus, porque ele não é um fenómeno, como a neve ou o gelo, que é preciso estudar e quase se pode prever.
Jesus de Nazaré é, antes de mais nada, uma pessoa que é preciso conhecer.
Como é que se conhece alguém?
Como é que se conhece alguém nas nossas vidas quotidianas?
Sem nos darmos conta o nosso olhar capta imediatamente, tantas vezes inconscientemente, o jeito com que a pessoa se veste, se calça, o cuidado preocupado ou despreocupado com a sua aparência. Observamos o que é que possui: que carro, pc, telemóvel. Que formação académica terá, que profissão exercerá. Quais serão os seus ideais. O que fará nos tempos livres. Que música apreciará. Como serão os seus amigos, que lugares gostará de frequentar com eles, quais serão os principais temas de conversa. Como será a sua família. Como terá sido a sua história pessoal.
E quando nos colocamos diante da pessoa de Jesus de Nazaré parece que nos esquecemos destes nossos “rituais” inconscientes para conhecer alguém.
Se Jesus de Nazaré é uma pessoa, porque não procuramos conhecê-lo um pouco ao nosso jeito tão humano? Sem grandes divagações ou constatações teológicas, antropológicas ou filosóficas, ou linguagens rebuscadas que hoje poucos se dão ao trabalho de tentar perceber. Que tal tentarmos isso?
O que temos para o fazer?
A Boa Notícia escrita com os nomes de Marcos, Mateus, Lucas e João.
Já tenho dito por aqui e volto a sublinhar: Não se pode seguir, aderir, amar a quem não se quer continuamente conhecer.
Podemos tentar conhecer melhor quem é este Jesus de Nazaré, de maneira especial através das parábolas que contava, os lugares ou ambientes onde as contava, porque as contava, a quem as contava, quem as poderia entender ou não…
Parábola, do grego “parábalô”, significa “aproximar-se”, aproximação a algo que se quer mostrar.
De que é que Jesus de Nazaré nos quer aproximar? Que quer ele nos mostrar?
Ao ler uma parábola é preciso o cuidado de não a retirar do seu contexto, ou seja, Jesus conta-a num lugar a alguém enquanto outros escutam, provavelmente depois de alguma pergunta, comentário, acontecimento ou provocação que lhe foi feita.
E ao olhar com atenção começamos a ter a certeza de que não são histórias moralizantes que nos ensinam a sermos bonzinhos, não são receitas para “ir para o Céu”.
As parábolas levam em si uma força de tal modo desconcertante, muitas vezes provocante que, se a sua leitura não nos desconcertar, é porque não a estamos a ler verdadeiramente, por causa da quantidade enorme de vezes que as ouvimos já sem pensar muito nisso.
É preciso lê-la com olhos novos, como se fosse a primeira vez que a lêssemos, porque senão corremos o risco de deixar escapar o seu significado.
É um pouco isto que pretendo fazer… mais uma caminhada… com as parábolas nas mãos.
Todo o contributo da parte de quem estiver por aqui a ler em comunhão, é bem vindo. Nunca é demais a riqueza das vossas partilhas que agradeço sempre.
Um abraço a todos os que por aqui vão passando e vão fazendo parte também deste espaço…
… e parece que já lá vão 3 anos desde que o iniciei.
Até já
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4 comentários:
E vale a pena lembrar que são três anos, porque, como diria alguém " o Deus da Vida não nos é alheio" !Vamos nessa!
Cara Anawîm,
também podemos conhecer Jesus através dos outros, qualquer que seja a sua convicção, porque "Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes" (Mt 25, 40). Ou seja, ver Jesus no outro.
Pode não ser sempre o Jesus-amigo, por vezes é o Jesus-Abandonado que reconhecemos no "porquê", por exemplo, de quem não acredita n'Ele, mas é sempre Jesus.
Por fim, para ver Jesus no outro devo amar o outro, mas se esse amor é dom-de-mim-mesmo, e vejo Jesus no outro, então não é apenas o outro que amo, mas Jesus nele. Contudo, se devo ser um outro Jesus para ele, então não sou apenas eu que amo, mas Jesus em mim que ama. Sendo assim, os relacionamentos seriam sempre de Jesus para Jesus. E isto sem anular o outro tal qual é, mas é Jesus em mim e no outro que me revela verdadeiramente quem o outro é, assim como também Jesus no outro me revela quem sou verdadeiramente.
Parabéns por 3 anos a partilhar o essencial, invisível aos olhos de muitos ...
Glória... agradeço-te por "vires"... ehehe
Um abraço
Caro Miguel, agradeço a tua partilha.
Jesus de Nazaré é o rosto daquilo que a Humanidade foi desenhada para ser. Ou seja, é como se ainda fossemos o esboço que precisa de ser "trabalhado", "construido", para chegar a ser em plenitude o que Jesus de Nazaré é. Com ele seremos UM, um FILHO de Deus do qual Jesus é a Cabeça, que já foi gerado das entranhas maternais de Deus.
Um abraço para ti e...
... deixa-me só fazer aqui um parêntesis. Acho sempre graça quando por aqui me chamam "cara anawim", ou "mano", ou "Amigo" ou "Amiga" ou outra coisa qualquer... ehheh...
Na verdade, como já deves ter reparado, não se nota por aqui qualquer identificação minha.
"Cara" Anawîm,
de facto ... até podias ser um lírio (se te chamasse «outra coisa qualquer»), mas - na minha muito limitada opinião - um homem escreveria de outra forma ... por isso, se não te importares, gostaria de seguir este meu instinto :)
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