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O Deus que vê, ouve, Se compadece, Aquele que desce para nos fazer subir

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A caminhada deste povo livre com o seu Deus, um povo nómada, um povo de pastores, é feita com gente. É uma caminhada cheia de rostos que verdadeiramente quiseram intuir, sonhar e esperar os mesmos sonhos do seu Deus e quiseram pôr mãos à obra como companheiros deste Deus meio rebelde, tão diferente de qualquer outro Deus, incapazes de, como Ele, ficar indiferentes a tudo aquilo que os impedisse de ser…
… LIVRES.

Já falámos, no post anterior deste tema, daquele primeiro chamado, o Abraão, a quem Deus pede para se “desinstalar” e se colocar a caminho.
Abraão é o primeiro a quem o povo israelita chama Pai, Patriarca, é talvez, para compreendermos melhor, como o Grande Chefe de uma tribo índia.
Entre os israelitas ele é um Pai de tribos de pastores.

Abraão é o primeiro rosto com quem podemos começar a traçar um esboço do rosto de Deus.

Isaac, o filho gerado da Promessa de Deus é outro rosto, outro Pai, Patriarca das tribos nómadas.

Jacob, filho de Isaac, é outro grande Pai, Patriarca.

Destes três rostos iremos ouvir falar em todo o tempo nos escritos da Bíblia, de maneira muito especial com a expressão “o Deus de vivos e não de mortos, o Deus de Abraão, Isaac e Jacob”.
São eles os grandes Patriarcas do Povo de Israel.
São estas vidas que dão à luz um povo, o povo livre do Deus Livre.

A memória deste povo é tão viva, o passado é tão entranhadamente presente na carne do povo, que é olhando para o passado que caminham para o futuro.

A vida deste povo é como todas as vidas das gentes,
é impressionante como é o espelho da vida de cada um de nós,
cheia de encantos e desencantos,
expectativas e desilusões,
descobertas,
entusiasmos e fraquezas,
cheia de escravidão e liberdade,
sonhos,
esperanças,
tentações,
amor,
iras,
desesperos,
em permanente queda e reerguer-se do chão,
sempre num caminho de alianças e infidelidades com o seu Deus que nunca lhes falta,
é Aquele que anseiam conhecer sempre mais,
Esse que lhes revela o Seu próprio Nome…

Aqueles tempos vividos no Egipto ficaram gravados na carne do israelita daquele tempo e de todos os tempos que se seguiram até hoje.
Um dos filhos do Patriarca Jacob foi vendido pelos próprios irmãos, por causa de ciúmes, a uns comerciantes que passavam numa caravana, era José que, assim, foi parar ao Egipto.
Curiosamente José deu-se muito bem no Egipto, a vida correu-lhe tão bem que lhe foi confiado o cargo de vice-rei de todo o reino.
Algum tempo depois, toda a família de seu pai Jacob se irá instalar no Egipto, e o povo israelita ali se multiplicou muito.
Muitos anos depois de José ter morrido um faraó, que não o havia conhecido, começou a governar fazendo escravos todos os estrangeiros habitantes do seu país. Os israelitas começaram a ser tratados do mesmo modo que os prisioneiros de guerra quando se tratava de recrutar mão-de-obra para os trabalhos pesados de construção de obras públicas.

É claro que um povo com fortes raízes nómadas, um povo habituado à liberdade, ao experimentar a dureza da escravidão, sem direito a nenhum salário, quer voltar a ter a sua liberdade, quer voltar para o pastoreio no deserto.
É claro que os egípcios não querem perder esta mão-de-obra gratuita.

É então o momento em que Deus não Se “cala”.

“Deus quer libertar o povo da escravidão. Não se trata directamente de uma finalidade religiosa ou espiritual. Trata-se de um projecto sócio-político.
Para isso elege um homem que será o mediador desta empresa.” (José Castillo)

Este homem, este outro rosto que será mais um traço do esboço do rosto de Deus, é Moisés.
É Moisés que, enquanto pastoreava um rebanho que não era seu, se sente interpelado pelo mistério de Deus que o chama e lhe diz:

“VI a opressão do meu povo no Egipto,
OUVI as suas queixas contra os opressores,
COMPADECI-ME dos seus sofrimentos.
por isso
DESCI para os libertar dos egípcios,
para tirá-los desta terra, para fazê-los
SUBIR para uma terra fértil e espaçosa,
terra que transborda leite e mel” (Êxodo 3,7-8)



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1 comentário:

Anónimo disse...

Anawim , Graças por alimentar a Esperança , na História atual.
Deus é Amor ,e será sempre.
Graças.

mnm.