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Páginas Vivas... Letras de Fogo que SÃO ESCRITAS nos Corações do Agora de todos os tempos...

... Palavras Vivas, Letras de Fogo que falam do Ressuscitado no Agora de todos os tempos, Actuante, Vivente na tua vida pessoal no Agora que vives agora!...

... Não foi mais ontem, nem será muito mais amanhã...
é Agora o momento do evangelho...


"Os evangelhos foram escritos em contextos catecumenais, e para comunidades marcadas por esse ritmo. Não são “relatos históricos” sobre a vida de Jesus, não são uma biografia sua nem notícias “jornalísticas” do que andou a fazer pela Palestina. São testemunhos de Fé em Jesus Ressuscitado que nasceram no contexto de comunidades concretas que já saboreavam e celebravam a Nova Aliança inaugurada nele.

Os evangelhos não foram escritos para pagãos! Não foram escritos para “convencer” ninguém de nada sobre Jesus, nem para “apresentar” a figura de Jesus… Não surgiram num contexto de “primeiro anúncio”, mas sim de comunidades já evangelizadas e recriadas na Fé Pascal. O “primeiro anúncio” acontecia pelo testemunho oral dos Apóstolos e vemos claramente nos Actos dos Apóstolos e nas cartas de Paulo que o “estilo” e a linguagem não tinham nada a ver com as narrações dos evangelhos.

Proclamavam a Ressurreição de Jesus como a intervenção poderosíssima do Deus de Israel em favor dele, assumindo a sua missão, glorificando-a, plenificando a sua Vida com a abundância do Dom do Espírito… Diziam que Deus o tinha “entronizado” ou “sentado à Sua direita” para proclamar tudo isto. A justificação que davam era a sua própria experiência pascal, a certeza que ele estava vivo da Vida de Deus e actuante com o Seu Poder! Esta Vida e esta Acção do Ressuscitado era-lhes assegurada pela presença do Espírito Santo que o animara a ele e que eles proclamavam, ousadamente, que tinha sido derramado também sobre eles para darem esse testemunho.

Argumentavam utilizando com destreza as escrituras antigas, sobretudo os textos dos profetas em que estes falavam do tema da “morte do justo”, da injustiça de que são vítimas os que são fiéis e do modo como Deus toma partido por eles tornando fecunda e eficaz a sua missão em nome de todos, ainda que passe pelo crivo da violência ou da morte ensanguentada.

Proclamavam que pelo Dom do Espírito, Deus tinha inaugurado em Jesus um Tempo Novo, tinha chegado a Plenitude da História, o ponto de chegada de todas as esperanças, o princípio de uma Nova Aliança, que era para sempre! Diziam que a Ressurreição de Jesus, que eles testemunhavam com a própria Vida e para a qual não tinham outra prova além de “Nós Vimos”, manifestava que Deus se tinha decidido por Jesus! O anúncio desta Boa Notícia abria um caminho de decisão também muito claro… Deus decidiu-se por Jesus, Ressuscitando-o e derramando por ele o Espírito Santo em abundância para todos… Esta Vida no Espírito era para aqueles que estivessem dispostos também a decidir-se por Jesus…

Este era o estilo do “primeiro anúncio” nos tempos apostólicos… Os evangelhos, com todos os seus relatos, narrações, parábolas, curas, ensinamentos, aparecem muito depois, num contexto comunitário já marcado pelo ritmo celebrativo profundo e pela formação catecumenal da Fé.

Ao longo da história, perdeu-se este contexto comunitário de celebração profunda e amadurecimento catecumenal da Fé. A verdade é que, ainda hoje, as nossas igrejas se enchem para o preceito dominical com pagãos! Crentes em Deus, a maior parte, sem dúvida, mas não é disso que estamos a falar… Pagãos em relação à Fé Pascal, sem caminho pessoal de Fé pelas sendas de Jesus Ressuscitado, pagãos daquela experiência de Fé que só emerge como história catecumenal, um "tornar-se cristão", como uma entrada progressiva no Mistério de Jesus, no Mistério do Reino de Deus, no Mistério do Deus deste Reino e no Mistério do Ser Humano como amado deste Deus…

Afinal, o que significa dizermos “Jesus Ressuscitou”?!

Às vezes falamos da Ressurreição como um “mito” ou um “dogma”, não como o testemunho de uma experiência de Fé! Dizer que Jesus Ressuscitou significa proclamar que ele está VIVO! E isto não é uma “conclusão” ingénua… é que, se acreditamos que ele está Vivo, então acreditamos que ele está PRESENTE, está AQUI! Está CONNOSCO! E agora?... Se acreditamos que ele está connosco, então Jesus Ressuscitado, aqui e agora, está COMPROMETIDO connosco e COMPROMETE-NOS com ele! O que significa este Compromisso?! Está aqui, vivo, connosco, a fazer o quê?! Está como?!

Este é o “momento do evangelho”! Este é que é o momento do Evangelho… Aqui é que os testemunhos dos evangelhos fazem todo o sentido! É um momento catecumenal, ou seja, num contexto de caminhada pascal amadurecida e pessoal! Não é coisa ao alcance de pagãos… Os testemunhos evangélicos não surgiram para a “conversão de pagãos” ou para a “apresentação da figura de Jesus”, mas para responder a este “momento”…

Ele está RESSUSCITADO, VIVO, PRESENTE, AQUI, CONNOSCO, COMPROMETIDO… nisto: pega nos evangelhos, abre, e lê! É o "momento do evangelho".

Jesus está AQUI e AGORA, COMIGO, como aquele que cura, liberta, elege, perdoa, envia, anuncia, testemunha… Caminha sobre as águas do meu pecado e faz-me capaz de o conseguir também com ele, cura-me das minhas cegueiras, paralisias, liberta-me dos meus medos, reconcilia-me no mais íntimo da minha história de pecado, provoca-me às decisões do Reino e consagra-me para as suas tarefas, testemunha-me a Bondade abundante do Abba e a presença não-desistente da Ruah…

Aqui sim, os testemunhos do evangelho fazem todo o sentido… Porque enquanto não há aquela progressiva descoberta pascal na própria Vida, os testemunhos dos evangelhos serão sempre as “coisinhas” que Jesus “fez” a “este e aquele e aqueloutro”, sempre “outros”!

Sinto que temos que repensar os processos de evangelização… eu próprio…

Porque é preciso preparar melhor este “momento do evangelho” de maneira a que ele aconteça mesmo como EVANGELHO: BOA NOTÍCIA!"
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