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Toda a escuridão se desfaz, quando deixamos entrar a Luz do Amor-Deus

Já falámos então como os escritores dos relatos da Criação vêem Deus como um Oleiro a moldar o Ser Humano a partir do barro, da terra (adamah), e que lhe sopra o alento (Ruah), o Seu próprio Espírito de Vida… para que o Ser Humano viva, e viva assim da Sua própria Vida Criadora, dando ao Ser Humano dignidade para assim se “criar”, se construir a si próprio e construir relações de comunhão.

Escrevem um Deus que forma o Ser Humano (Homem e Mulher) = Adão (Adam), a partir da terra (Adamah).
Escrevem um Deus que forma a Mulher (ishah) como a outra parte do Homem (ish)… curiosamente quase dando a entender como a Mulher é mais humana, por natureza, do que o próprio Homem, porque nos relatos o Homem é criado do barro, e a Mulher é criada do Homem.

Mas, se os escritores hebreus intuíam profundamente que tudo foi criado por Deus, como se poderia entender a existência do MAL, num universo criado por um Amor-Deus que é BOM?

Desculpa-me, mas recuso-me a acreditar no que já tenho ouvido dizer várias vezes… a “teoria” das dualidades: “Se existe branco, tem que existir preto”, se existe Bem tem que existir Mal… por favor, não acredito nisto!...
Seríamos universo tão limitado, tão pequeno, tão pouco criativo se tudo se resumisse a esta lógica demasiado… lógica!
Deus e tudo o que é criado por Ele… este universo inteiro que vejo como uma explosão de Amor do nosso Deus, esta Família que Ele é, que transbordou de Amor por já não o conseguir conter somente em Si, porque nunca o Amor consegue fechar-se em si… e permanentemente cria e recria e dignifica sempre mais e mais o outro, amando-o ao ponto de sempre lhe dar espaço para que sempre seja mais, mais seja si próprio.

É impossível, acredita, que um universo criado por um Deus assim seja um mero conjunto de dualidades… NÃO PODE!...
Já ouvi até o completo absurdo de que juntamente com a existência de Deus Bom, teria que existir o “deus-mau” ao qual acabam por idolatrar, crendo na sua existência personificada, a quem atribuem a causa das nossas tentações de praticar o mal… mas disto falaremos mais tarde.
Deus e toda a Criação é muito mais… muito mais!

Como expõem então os escritores do Livro das Origens a questão da existência do Mal?

São essencialmente dois os mandatos que os escritores do Livro das Origens colocam simbolicamente Deus a propôr:
- Enchei e dominai a Terra
- Podem comer de todas as árvores do jardim, excepto de uma

O parentesco tão próximo entre Adam-adão e a Adamah-terra, de onde foi formado, torna evidente esta ligação entre o Ser Humano e todo o meio que o envolve, na comunhão com todos os outros Seres Humanos que formam parte consigo mesmo. Por isso é evidente a participação na continuação da criação da Terra, trabalhando-a e cuidando-a com respeito, num acto de comunhão.
Propondo o outro mandato (bem pequeno, aliás!) de comer do fruto de todas as árvores do jardim, excepto de uma, os escritores bíblicos simbolizam assim o modo como entendem o Deus que revela ao Ser Humano o quanto o quer livre e responsável por si próprio.
O Ser Humano é assim uma pessoa inteira diante de Deus, capacitado para lhe dar resposta, e não um objecto da vontade dEle… e não terá jamais um destino pré-determinado, pois o Ser Humano faz a sua própria história, responde por si próprio, livremente, aos apelos que traz no próprio Coração, feito à imagem de Deus, ou seja, feito para a Comunhão de Amor… é assim que se plenifica.

Se o Ser Humano é capaz de desobediência, então a sua obediência é sempre uma manifestação da sua liberdade.

O mal acontece, sim!... Porque nenhum Ser Humano nasce perfeito, acabado… rematado. Seria tão indigno da parte do nosso Deus criar-nos acabados… tirar-nos-ía assim a capacidade de O escolher livremente. E o Amor é sempre livre, e sempre liberta! Deus que é inteiramente e só Amor, respeita-nos demasiado para não nos deixar escolher… Ele jamais saberia invadir a nossa vontade!...

Todos nascemos com esse potencial forte e profundo de nos tornarmos plenamente humanos, como Deus nos sonhou.
Gosto sempre da imagem da semente… um pinhão, por exemplo, maravilho-me com a capacidade que já leva dentro de si toda a força, ali, que cabe na minha mão, e se poderá tornar num pinheiro tão alto e tão forte que não caiba no meu abraço… desde que tenha as condições crescer e ser aquilo ao qual é chamado a ser.
Eu e tu somos responsáveis por estas condições que proporcionamos aos outros para crescer. ISTO É FUNDAMENTAL!...

E… há quem fale disto muito bem.
Proponho-te que passes por AQUI, o Rui Pedro já falou deste assunto com muita clareza (espero que ele não se importe deste meu abuso, eheheh)

Estou a caminho, contigo!...

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