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12... Jesus... Yeshuah, como vês todas as "jerusalém" do teu povo?...


É sempre entre os meses março-abril, que os hebreus chamam mês de Nisan, que se celebra a sua maior festa – a Páscoa.

Para todo o judeu crente fiel, a melhor maneira de celebrar esta festa, é “subindo” à cidade santa de Jerusalém, como peregrino. Dizem “subir” porque se sente na caminhada, a cidade fica a 800 metros de altitude, fundada sobre uma autêntica fortaleza natural.

É chamada cidade santa desde o tempo em que o rei David faz entrar nela a arca da Aliança.
A arca era como um veículo de comunicação entre o Deus de Israel e o Seu povo escolhido que continha dentro, segundo a tradição judaica, as tábuas da lei escritas pelo dedo de Deus e dadas ao povo representado por Moisés; continha também a vara de Aarão que floresceu (Aarão era sacerdote, irmão de Moisés); e também um vaso com o maná (o alimento que Deus fez cair do céu quando o povo sentiu fome, na caminhada pelo deserto, entre a terra da escravidão do Egipto e a terra da promessa de Deus).
Estes três sinais estavam dentro de uma arca revestida de ouro por dentro e por fora e representava assim a Aliança, o Pacto que Deus estabeleceu com o povo de Israel, e era considerado como a própria viva presença de Deus.
Por isso, ninguém podia tocar-lhe, somente uma vez por ano, e somente o sumo-sacerdote em exercício poderia entrar no lugar onde estava guardada… o lugar chamado de “Santo dos Santos”, onde o sumo-sacerdote intercedia pelo povo.

Milhares de peregrinos, vindos da Palestina e de todos os lugares do Império romano, se juntavam para reavivar o desejo de liberdade, nas festas da Páscoa, e recordavam com alegria e orgulho este ser pertença do povo escolhido por Deus.

Os peregrinos viajavam em grupo porque era mais seguro, melhor se evitavam os ladrões do caminho.
Da Galileia a Jerusalém eram três ou quatro dias de caminho. Nesta estação em que a primavera começava a fazer despontar as figueiras e toda a natureza começava a renascer depois das chuvas do inverno, o clima era ameno e podia passar-se a noite dormindo ao ar livre, sob a luz da lua a crescer, porque o dia de Páscoa era festejado no dia de lua cheia.

Desde Cafarnaum os peregrinos caminhavam ao longo da margem do rio Jordão, atravessavam Jericó, e subiam até chegar ao monte das Oliveiras de onde se pode apreciar uma belíssima vista sobre a cidade de Jerusalém.
Muitos peregrinos, provavelmente, choravam de emoção ao chegar e vê-la em todo o seu esplendor e beleza.



São vários os cânticos entoados pelos peregrinos, chamados de “cânticos das subidas”. Cantam a chegada à cidade da Paz…

Nunca saberemos o que Yeshuah estaria a viver, interiormente, enquanto subia ao centro da fé do seu povo, ao centro da fé num Deus que viam exigir sacrifícios de animais e ofertas ao Templo, e rituais de purificação sem fim, para apaziguar a sua suposta ira diante dos pecados e infidelidades do seu povo, dentro de uma lógica em que a grande maioria vivia numa situação de pobreza, por causa do império romano que lhes tirava a dignidade da liberdade e lhes cobrava impostos e que escolhia aqueles que lhes convinha para dirigir o “negócio” do templo que também exigia os dízimos e as ofertas.

O templo era “governado” por sacerdotes que viviam e ostentavam as vaidades do luxo que a riqueza da sua condição permitia, e corria-lhes nas veias a corrupção que era condição vantajosa para que o império romano pudesse assim manipulá-los.
Eram estes, assim, os representantes do povo, e todo aquele que discordasse desta lógica era considerado perigoso, porque poderia fomentar rebeliões no meio do povo.
Para os poderosos era importante que nada mudasse e que o povo continuasse exausto da exploração e continuasse a subjugar-se passivamente obediente.

São estreitas as ruas de Jerusalém, dividida entre bairros pobres e bairros ricos.
Podemos imaginar a agitação da multidão que com frequência se aperta nestas ruas cheias de comerciantes a regatear os seus melhores produtos… são tecidos, sandálias, túnicas, mantos, perfumes, pequenas jóias e recordações da cidade santa.
As tendas de cereais, frutas e produtos do campo encontravam-se mais junto às entradas da cidade.

Contrastando com as ruas estreitas da cidade, encontra-se a esplanada diante do templo, que é imensa…
No templo, os peregrinos, entrarão para oferecer os seus sacrifícios rituais com animais, cantarão hinos de louvor e acção de graças e degolarão os cordeiros para a ceia pascal.
Havia pátios para cada condição de pessoas… o pátio dos pagãos, o dos leprosos, o das mulheres… o dos varões israelitas, e dali não passavam, é daí que assistiram aos rituais.
Ninguém pode aceder à área onde estava o altar dos sacrifícios, somente os sacerdotes.
Hoje, em "lugares" onde a fé é tão diferente, encontramos exactamente esta mesma lógica que o próprio Yeshuah recusava.

O lugar onde estava o altar dos sacrifícios estava diante do “Santo dos Santos”, o lugar onde entrará o sumo-sacerdote, o único mediador entre Israel e o seu Deus.
Tudo isto era vigiado pelos guardas do templo e especialmente nesta época de grande aglomeração de gente há até excepcionalmente uma guarnição de soldados romanos na cidade.

As pessoas acomodavam-se como podiam, acampando nos espaços livres junto à muralha ou nas colinas em seu redor.
São festas para recordar como Deus libertou o povo da escravidão do faraó. E, com nostalgia e esperança vêem também como Roma se tornou no novo “Egipto” do povo de Israel.


Yeshuah poderá ter entrado na cidade, montado num jumento, e o grupo que o acompanhava em clima de alegre festa o terá aclamado, como se fosse um rei, não daqueles que entram triunfantes em poderosos cavalos enfeitados com todos os sinais de poder, como os acontecimentos que os romanos organizavam para entrar nas cidades conquistadas.
Este gesto de Yeshuah simboliza uma realeza sem qualquer poder, sem qualquer violência dominadora.

É tão inesperado, ousado, até mesmo provocante o gesto de Yeshuah, ao chegar ao átrio do templo, que os evangelhos relatam, que é difícil duvidar que o tenha mesmo feito.
No pátio decorrem diversas actividades directamente ligadas ao culto do templo.
Trocam-se as diferentes moedas do império pelo shekel que é a moeda do país, única aceite no templo (era a moeda mais estável e a mais forte daquela época).
No pátio também se vendem as pombas e todos os animais necessários para os sacrifícios… os peregrinos não os trazem de casa, compram-nos aqui, porque devem ser apresentados perfeitos.

Yeshuah conhece bem toda a lógica corrupta do templo.
O templo havia-se tornado no símbolo de tudo o que oprime o povo e Yeshuah anuncia profeticamente o fim desta lógica… ter-se-á aproximado do átrio, com passo decidido, e terá virado algumas mesas dos cambistas e da venda de animais.

Provavelmente, Yeshuah, terá causado alguma perturbação durante alguns momentos, mas eram às dezenas o número de mesas deste comércio, num pátio imenso, e rapidamente os guardas repõem a ordem.
O seu gesto poderá ter sido pequeno e limitado, mas terá ficado registado, aconteceu no meio de uma multidão de peregrinos, estava carregado de uma força profética que irá ter sérias consequências mais tarde.

2 comentários:

Rosa disse...

Graças te damos, Senhor, por livremente podermos dar-Te graças, seja no templo de pedra, ou no templo diário da nossa vida.

Maria Pires disse...

amiga como gosto tanto de ti ,assim como tambem do Senhor de que me falas,gosto de falar com ele no silencio e de cotemplar a sua imagem faz-me reviver da-me alento para continuar.adeus amiga bom fim de semana.beijo grande.