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O convite



“O que se opõe à alegria… é a tristeza, não é o sofrimento.”

Não é lógica gramatical, é mesmo uma frase que brotou de gente verdadeiramente pobre e sofredora.

A resposta à tristeza… é a alegria.
A resposta ao sofrimento… pode ser a denúncia das suas causas, quando é fruto de injustiça
A resposta ao sofrimento… pode ser a comunhão que transfigura progressivamente as “cicatrizes” provocadas no mais íntimo da pessoa.

Às vezes isto está tudo demasiado misturado dentro de nós.
Mas, cada vez mais acredito nesta frase citada. É que o maior inimigo da alegria não é o sofrimento… o maior inimigo da alegria é a tristeza.

Sabendo o quanto Deus está metido nisto até ao pescoço faz-me exultar.
Faz-me bem pensar que Deus é um Abba, um Pai, um Papá feliz.
O meu Deus, o meu Pai, o meu Abba é Feliz…
Feliz!... E isto não nega em nenhum momento o “sofrimento”, a compaixão, o revolverem-se as entranhas maternais com o sofrimento ou a infidelidade dos seus filhos.

Deus é muito maior que o nosso sofrimento…
… e dá-nos olhos novos, capazes de saltar por cima de qualquer tristeza.
A tristeza tem olhos vazios de esperança, vazios de acreditar que Deus é o que nos resta… que é a nossa Herança… que seremos completamente d’Ele, seremos com Ele.


Se preparamos uma festa para os nossos amigos, ou se somos convidados para a festa de um grande amigo, a festa não começa no dia e hora marcados… quantas vezes já experimentámos isto?!...
O nosso Coração inteiro já começa a alegrar-se e a saborear a festa desde o momento em que a sonhamos, a imaginamos, enquanto a preparamos, ou então, desde aquele momento em que ficámos surpresos e imensamente felizes por termos sido convidados…

Se nós, que somos quem somos, vivemos assim a “festa”… quanto mais o nosso Deus, o nosso Papá que há tanto tempo está a preparar a maior festa de todas para nós…!
Se nós, que somos quem somos, preparamos assim a “festa”… quanto mais o nosso Deus que já está tão em festa enquanto sonha essa festa connosco, enquanto caminha connosco preparando-a.

O convite já nos foi feito!...
O convite para a festa do Abba já nos foi entregue!...
Depois de um longo enamoramento entre Deus e a Sua Humanidade… depois de uma caminhada de luta do nosso Deus contra todos os deuses que fomos criando na nossa História, no meio de nós e dentro de nós, este Deus lança-nos um convite com rosto, mãos, pés… corpo… um convite feito gente da nossa gente, que é em si próprio a resposta também a esse convite… Jesus de Nazaré.
O Nazareno é, com a sua vida inteira o convite que nos é feito pelo próprio Deus, para a Sua Festa. A confirmação, o selo de garantia de que esta vida tem o dedo de Deus é a ressurreição deste Jesus de Nazaré.
Deus levanta-o da morte… Deus toma partido pelo fracasso deste homem, como toma partido de todos os fracassados vítimas da injustiça e de todo o sofrimento sem sentido… que são como ídolos que tentam amarrar e escravizar o Coração Humano.
Nem a morte pode engolir os filhos de Deus… Somos d’Ele!...
Se nem a morte, nem a injustiça, nem o sem-sentido…
“…Se Deus está por nós, quem pode estar contra nós?(…)
Quem irá acusar os eleitos de Deus?
Deus é quem nos justifica! Quem irá condená-los?
Jesus Cristo, aquele que morreu, mais, que ressuscitou, que está à direita de Deus é quem intercede por nós.
Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?
A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada?
De acordo com o que está escrito: Por causa de ti, estamos expostos à morte o dia inteiro, fomos tratados como ovelhas destinadas ao matadouro.
Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores, graças àquele que nos amou.
Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus.”
Rom 8,31-39

Vemos Paulo exultar tanto de alegria com esta Boa Notícia…

“Estou convencido de que os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória que há-de revelar-se em nós. Pois até a criação se encontra em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus.”
Rom 8,18-19

Se Deus, o Pai, está a nosso favor, como vamos encarar todas as “batalhas” da nossa vida?...

Já aceitámos a presença deste “convite”… verdadeiramente?...

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