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Vivo onde descansam os meus olhos
Busco os teus para aí repousar contigo
Quero viver onde vives tu
Rede do pescador, onde habitam os teus segredos?...
fala-me dessas águas fundas onde mergulhas,
e dos que te arrastam e se sentam a recolher os peixes bons
e a devolver ao mar os que não servem
fala-me das noites em que sais para entrares nos dias cheios de mãos vazias
fala-me das mãos que te consertam com a agulha entre os dedos hábeis do pescador
dedos de mãos gastas do duro trabalho de cada noite e cada tarde
sob o seu olhar te rompes e o conserto dele esperas... porque entraste no mar
fala-me do olhar desse que te lança
e que sabe ler no horizonte os tempos que amanhã se irão fazer
fala-me da vida
fala-me dos sonhos
fala-me de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Mulher que teces o linho… onde vagueia o teu pensamento?...
fala-me das árvores de onde colhes as tuas artes
fala-me das madrugadas em que sais e sentes ainda toda a terra adormecida
fala-me dos dias em silêncio em que o pensamento vagueia
vagueia dançando sobre a tensão dos fios tecidos
fala-me dos pedaços velhos destinados a remendar velhos tecidos
fala-me dos tecidos novos que se gastam e se rompem
e só pedaços de tecido novo o remendam
fala-me da vida
fala-me dos sonhos
fala-me de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Ó Semeador, lançador de sementes, que as vês voar quando as atiras aos ares
e que sabes não serem tuas
fala-me desses voos que começam na tua mão e não sabes onde acabam
fala-me do teu olhar de esperança quando o pousas sobre os campos rasgados
fala-me da tua paciente espera
fala-me do teu olhar fechado e rosto erguido sentindo o aroma da chuva que chega
fala-me da vida
fala-me dos sonhos
fala-me de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Figueira que te ergues tão alta que quase tocas os céus
está próximo o tempo de carregares os frutos que continuamente geras
fala-me do Tempo
onde se vêem os ramos tenros que anunciam a chegada do tempo?
fala-me do tempo que se repete em cada ano com cada estação
ensina-me a ler a proximidade dos tempos para ser parte deles
fala-me da vida que bebes das tuas raízes
fala-me dos sonhos do vento que sopra entre os teus ramos
fala-me da seiva que corre dentro de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Viúva… que perdeste o olhar do teu amor, que perdeste o amparo de uma segura defesa
quando te querem tirar o pouco que é teu
fala-me dos juízes a quem importunas incansavelmente
que te atendem não por vontade de exercerem justiça
mas pela tua perseverante insistência
fala-me da vida
fala-me dos sonhos
fala-me de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Ó Tesouro que vives escondido, enterrado, guardado no ventre da terra,
quem é aquele que se alegra tanto ao encontrar-te e volta a esconder-te, enterrar-te,
guardar-te no ventre da terra só para que se despossua de tudo o que tem
a pensar em ti
a pensar em comprar esse ventre da terra que te guarda escondido, enterrado?
Fermento que és tomado pelas mãos das mulheres
elas colocam-te mesmo no meio da massa que é tantas vezes maior que tu
Tu és colocado lá dentro, no meio, como aquele que conhecemos da mão atrofiada
tão pequeno és… e misteriosamente vivo fazes a massa do pão multiplicar-se e crescer
fala-me a que sabe a vida
fala-me dos sonhos das gentes sem pão
fala-me de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Quero viver onde descansam os seus olhos
E quando se encerrarem os meus
quero despertar sob os seus
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Vivo onde descansam os meus olhos
Busco os teus para aí repousar contigo
Quero viver onde vives tu
Rede do pescador, onde habitam os teus segredos?...
fala-me dessas águas fundas onde mergulhas,
e dos que te arrastam e se sentam a recolher os peixes bons
e a devolver ao mar os que não servem
fala-me das noites em que sais para entrares nos dias cheios de mãos vazias
fala-me das mãos que te consertam com a agulha entre os dedos hábeis do pescador
dedos de mãos gastas do duro trabalho de cada noite e cada tarde
sob o seu olhar te rompes e o conserto dele esperas... porque entraste no mar
fala-me do olhar desse que te lança
e que sabe ler no horizonte os tempos que amanhã se irão fazer
fala-me da vida
fala-me dos sonhos
fala-me de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Mulher que teces o linho… onde vagueia o teu pensamento?...
fala-me das árvores de onde colhes as tuas artes
fala-me das madrugadas em que sais e sentes ainda toda a terra adormecida
fala-me dos dias em silêncio em que o pensamento vagueia
vagueia dançando sobre a tensão dos fios tecidos
fala-me dos pedaços velhos destinados a remendar velhos tecidos
fala-me dos tecidos novos que se gastam e se rompem
e só pedaços de tecido novo o remendam
fala-me da vida
fala-me dos sonhos
fala-me de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Ó Semeador, lançador de sementes, que as vês voar quando as atiras aos ares
e que sabes não serem tuas
fala-me desses voos que começam na tua mão e não sabes onde acabam
fala-me do teu olhar de esperança quando o pousas sobre os campos rasgados
fala-me da tua paciente espera
fala-me do teu olhar fechado e rosto erguido sentindo o aroma da chuva que chega
fala-me da vida
fala-me dos sonhos
fala-me de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Figueira que te ergues tão alta que quase tocas os céus
está próximo o tempo de carregares os frutos que continuamente geras
fala-me do Tempo
onde se vêem os ramos tenros que anunciam a chegada do tempo?
fala-me do tempo que se repete em cada ano com cada estação
ensina-me a ler a proximidade dos tempos para ser parte deles
fala-me da vida que bebes das tuas raízes
fala-me dos sonhos do vento que sopra entre os teus ramos
fala-me da seiva que corre dentro de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Viúva… que perdeste o olhar do teu amor, que perdeste o amparo de uma segura defesa
quando te querem tirar o pouco que é teu
fala-me dos juízes a quem importunas incansavelmente
que te atendem não por vontade de exercerem justiça
mas pela tua perseverante insistência
fala-me da vida
fala-me dos sonhos
fala-me de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Ó Tesouro que vives escondido, enterrado, guardado no ventre da terra,
quem é aquele que se alegra tanto ao encontrar-te e volta a esconder-te, enterrar-te,
guardar-te no ventre da terra só para que se despossua de tudo o que tem
a pensar em ti
a pensar em comprar esse ventre da terra que te guarda escondido, enterrado?
Fermento que és tomado pelas mãos das mulheres
elas colocam-te mesmo no meio da massa que é tantas vezes maior que tu
Tu és colocado lá dentro, no meio, como aquele que conhecemos da mão atrofiada
tão pequeno és… e misteriosamente vivo fazes a massa do pão multiplicar-se e crescer
fala-me a que sabe a vida
fala-me dos sonhos das gentes sem pão
fala-me de ti
fala-me dele, contigo, e dos lugares e gentes a quem o seu olhar pertencia
Quero viver onde descansam os seus olhos
E quando se encerrarem os meus
quero despertar sob os seus
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2 comentários:
Quão completo é , falar e ouvir como :" a mulher nos dias de silêncio em que o pensamento vagueia ,dançando sob à tensão dos fios tecidos.
Falar dos tecidos novos que se gastam e se rompem " .é falar com a coragem de buscar sonhar e viver, caminhar à passos maiores /menores e menos ruidosos, confiantes em fortalecer-se ao dia ,iniciando e perseverando no respeito , amor e doação de si,seguindo aos ensinamentos .Preciosas palavras e mensagem sua. Preciosas .Graças.
E quem não encontra a presença de Cristo neste blog? :)
Que o Espírito Santo te continue a iluminar!
Um abraço
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