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"É muito tempo a desejar o Tempo
De mudar ventos, levantar marés
É muita vida a desejar o alento
Que faz saber ao certo quem És
É funda a toca onde Te escondes tanto
Tem a distância entre o Silêncio e a Voz
A vida rasga bocadinhos gastos do mundo
Vai descascando até chegar a Nós
E Tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o Teu Corpo como ponte que me salve
Do que o medo fechou
São muitos dias a perder em vão
Sem nunca entrar dentro do labirinto
É muita vida a não ser o que Tu sentes
A planar sobre o que eu sinto
É quase noite, não Te escondas mais
Vai desatando até entrar o ar
Dá-me um gesto que me diga o Teu fundo
Uma palavra para Te tocar
Tu que sabes tanto de mim
Tu que sentes quem eu sou
Dá-me o Teu Corpo como ponte que me salve
Do que o medo fechou
Tu que sabes tanto do sol
És uma espécie de outra margem de mim
Olha-me dentro como chão que me agarre
Pode ser esta noite quente
A estrada aberta mesmo à nossa frente
E Tu e eu a descobrir o ar
Não é preciso correr
Não é urgente chegar
O que é preciso é viver"
Mafalda Veiga
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