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PAPA ENCONTRADO EM GREVE DE FOME

(artigo do Pe.Rui Osório no semanário da diocese do Porto - Voz Portucalense - baseado no "sonho" do filósofo e escritor Feliciano Mayorga Tarriño entre os dias 17 e 26 de Agosto de 2011 :



O escritor argentino Feliciano Mayorga Tarriño sonhou que o Papa desapareceu do Vaticano. Os noticiários confirmaram os trabalhos dos serviços secretos de todo o Mundo para tentar encontrá-lo. Suspeitava-se de mais um atentado de Al Qaeda.

O Papa acabou por ser encontrado, sorrindo e suado, na Somália. Num campo de refugiados, anunciava que se manteria em greve de fome em solidariedade com a população faminta, enquanto a comunidade internacional não tomasse medidas para acabar com a miséria que assola o planeta.
Na Europa e nos Estados Unidos da América, já não faltava quem acusasse o gesto como "chantagem inadmissível" de um chefe religioso. Temia-se que o exemplo fosso seguido por outros líderes religiosos, pondo em questão a ordem política internacional.

O Vaticano, pressionado pelos governos ocidentais, convocou um conclave urgente e extraordinário. Admitia-se que o Papa tivesse perdido as suas faculdades mentais, razão para ser declarado incapaz de continuar como legítimo sucessor de Pedro.
Os mercados internacionais entraram em pânico. A pedido do Vaticano, esperava-se uma intervenção da NATO para deter o Papa e devolvê-lo a Roma, onde seria sujeito ao diagnóstico de eminentes psiquiatras. Prognosticava-se demência senil e o Direito Canónico admitia a possibilidade de poder ser nomeado um sucessor.

A opinião pública admirava-se que o Papa tivesse mudado de roupa, deixando as vestes pontifícias e cobrindo-se de andrajos. Crescia uma onda de boa vontade e todos se sentiam irmanados com o Papa que se fizera pobre com os pobres. Cresciam como cogumelos as flores e os frutos da fraternidade. O Mundo estava mais florido.

Na iminência do Papa ser capturado, o Dalai Lama, o patriarca de Constantinopla, muçulmanos, judeus e responsáveis protestantes juntavam-se À greve de fome do Papa, além de muitas crianças, mulheres e idosos, todos convencidos que Deus estava com eles e manifestava a Sua opção preferencial pelos pobres.
Filósofos e outros intelectuais defendiam que se o Papa morresse ou vencesse a fome, o seu gesto seria mais importante do que a queda do Império Romano, a descoberta da América ou a derrota do nazismo. Sectores esquerdistas, ateus e liberais mobilizavam-se a favor dos cristãos.
Sonho ou realidade, a verdade 
e que o Papa é dos poucos seres humanos capazes de realizar tão bela quimera.

Estejam atentos. Qualquer dia pode aparecer nos jornais, na Rádio, na Televisão ou nas redes sociais a notícia do desaparecimento do Papa ou que terá sido encontrado em greve de fome, algures no Mundo, para tentar ajudar-nos a preferir a prática da globalização da solidariedade..
Infelizmente, a realidade é tão nua e crua que até nos rouba o sonho!
Pe. Rui Osório





Parece que não, parece que afinal,nesses dias,
o Papa não esteve na Somália ou noutro qualquer país subdesenvolvido.
Restam-nos a nós alguma dessa missão,
tal como diz o Frei. Fernando Ventura,
mesmo sabendo que uma pulga não faz parar um comboio,
pode ser que umas quantas "pulgas" incomodem tanto o maquinista,
que em algum momento ele tenha que parar o comboio para se coçar.

Mais do que religioso praticante
é urgente ser CIDADÃO PRATICANTE 

1 comentário:

figlo disse...

Pois...esta semana, no Metro, uma jovem abordou-me a perguntar "acredita no Além"...e eu respondi que sim. Que acredito no Além que começa Aqui e num Reino dos Céus de que somos Cidadãos Aqui e Agora...e que o Único mandamento de que me lembro é "amai-vos uns aos outros"... A pequena, que pelos vistos acredita mesmo "num além" só me disse que tinha uma revista p'ra me dar, que fala "dessas coisas" e que não tinha percebido muito bem o que eu lhe tinha dito...chegáramos ao fim da viagem...Estamos num tempo em que a mesma linguagem diz coisas completamente diferentes...só os gestos esclarecem verdadeiramente...E se para Evangelizar não formos pelo caminho dos gestos significantes ...penso que não vamos a lado nenhum...