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Pára!
Pára desértico vento cruel, agreste…
deixa de perseguir, com o teu sopro mortal
porque queres aprisionar o coração?
o rio que segue o seu curso
a árvore que teima em crescer
que a raiz tentas secar
porque o meu coração tentas esmagar
com afagos de secos amores
ressequidos temores
incrédulos deixas os corações
com falsas fés de ilusórias marés
que linguagem é essa que falas?
porque secas a alma?
porque és surdo?... ó desértico vento cruel, agreste…

e quando o rio… a árvore… a raiz se for?
que último sopro lhe terás soprado, de longe?
porque nunca estiveste perto
que falsa saudade chorarás depois?
Pára!
Pára desértico vento cruel, agreste

Porque olhas cego, ó vento agreste,
porque olhas cego
não vês como as folhas de outono troçam de ti
do como teimas em expor a tua ridícula nudez
nudez de vazios, preenchidos de falsos deuses
conhecerás algum dia a linguagem d’Aquele…
… do verdadeiro Deus-Amor?
... da verdadeira Verdade que liberta e não escraviza?

acorda
deixa-te iluminar pelo Sol
ainda é tempo
ainda é tempo
ainda é tempo
ama… suplico-te, ama… e verás o Sol
deixa que o Sol mergulhe dentro de ti…
… serás luz, com a Luz a voar pelos Céus

Acalma, Senhor a tempestade,
acalma…
que o coração sofre de mais
o rio é fiel ao seu curso
a árvore se erguerá até aos altos céus
as raízes, as acalentarás no Teu abraço
cala esse vento
que não sabe o que grita
e que esmaga o meu coração
esmaga o meu pobre coração
com esse peso do Não-Amor

Sim, és dos céus, a vontade…
Sim, aprenderei a amar-te, um dia, vento cruel
mas, hoje, só hoje…
… deixa-me respirar o meu Sol
deixa-me cantar aquele eterno bailado
deixa-me querer que algum dia possa
de matéria de estrelas
de matéria de anjo, o coração, sorrir...
embora seja sempre, e só, cheiro da terra...
quando a folha cai com a letra
na ternura doce e suave da chuva a cair









(perdoem-me, quem por aqui passa, hoje, em busca de uma palavra de esperança...
mas... hoje... estou profundamente triste.... amanhã o Sol nascerá de novo...)

3 comentários:

joaquim disse...

Oh amigo Anawîm, mas a profunda tristeza, naqueles que acreditam, leva sempre à esperança...
Não iam tristes aqueles que caminhavam para Emaús?
E no meio da sua tristeza não foi ter com eles a Alegria completa?
E Pedro, (como nos diz hoje o Senhor na Sua Palavra), não se afundava já nas tristezas da vida e ao gritar «salva-me», não recebeu a mão do Amor, que o elevou à Alegria?
Por isso o Sol nascerá de novo, não amanhã, mas já agora, sim agora que já começa a nascer...
E o deserto será regado
com a água do amor
e florirá em alegria
pela mão do Criador...

Abraço apertado, forte, longo, amigo em Cristo Senhor

Anawîm disse...

Amigo Joaquim,
também eu, quero que arda, dentro de mim, a Palavra... explicada por Ele, a caminho de Emaús
também eu, quero que arda, dentro de cada coração, a Palavra, a Única... a Única Verdadeira Palavra... explicada e cumprida por Ele, a caminho de Emaús

Agradeço o teu abraço... bem preciso dele... também eu te abraço, neste Deus que connosco caminha, a caminho de Emaús

Anónimo disse...

Acredita Anawim que a Palavra arde em ti e que a levas a outros. Falo por mim mas também pelos comentários que aqui leio. Não é já motivo da maior alegria? Sê tu, porque, por quanto O procuras, Ele está nas tuas plavras e/ou na liberdade que te dá de as escolheres e organizares a teu jeito.

Quando tas elogio, bem sei que O estou a louvar e contigo.

Abraço amigo.