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6... Como falas, Yeshuah?...


Terá cerca de 32 anos e decide quebrar aquela união vital, tão séria, tão importante na cultura do seu povo, afastando-se da povoação onde tinha nascido e das seguranças da casa da família que o havia gerado.
Teve que ser muito grande o impacto que teve na vida de Yeshuah, ter conhecido e vivido tão perto de João, o baptista.

Yeshuah terá cerca de 32 anos e vai morar em Cafarnaum, depois de se saber da morte do baptista, vai morar em casa de dois irmãos chamados Simão e André que tinha conhecido no grupo dos que escutavam João.

Cafarnaum era muito diferente de Nazaré. Cafarnaum tinha mais habitantes, possuía bons acessos a toda a Galileia e ficava nas margens do lago de Genesaré.
Terra de gente modesta, em que as famílias têm as casas ao mesmo jeito das de Nazaré, em torno de um pátio comum.
Vivem do campo, das vinhas, mas sobretudo da pesca, que era abundante nesta zona norte do lago. Os pescadores saem para o mar todas as noites e, tendo apanhado algum peixe seguem um pouco para sul, para Magdala que é um porto com grande movimento de descargas, por possuir fábricas que salgam o peixe.

Yeshuah simpatiza com estas famílias de pescadores de Cafarnaum, Betsaida, Magdala e outras aldeias… muitas destas povoações já não lhe são estranhas, talvez já as tivesse percorrido em busca de trabalho, por causa do seu ofício de artesão.
Parece que evita as cidades grandes.
É por estas pequenas povoações que passa, nunca ficando por muito tempo… é que parecia levar um fogo dentro dele, de urgência em dar a notícia boa do Deus, Pai, presente… libertador
Passa pelas aldeias porque é aqui que o povo vive mais intensamente a humilhação, a pobreza, deserdado, despojado do direito de desfrutar da terra oferecida pelo seu Deus, maltratado por todos os poderosos.
É aqui que Yeshuah sente a urgência de dar a notícia boa de que Deus defende aqueles que ninguém se arrisca ou se interessa em defender… são estes os predilectos do Abba.
É o Deus que continua fielmente a ocupar-se e a preocupar-se com o seu povo mais “pequeno”, e que deseja como ele, que viva com dignidade.

E o que dizia Yeshuah a toda a gente?… Como explicava a todos o que sentia e experimentava sobre este Deus Abba?...



Uma das maneiras que usa para falar é através de parábolas.
Parábola é um história simples, pequena, fácil de memorizar… com histórias assim, Yeshuah, faz com que quem o escuta repare em aspectos simples do dia-a-dia, comparando-os com o Reino de Deus já presente.
Até parece dizer que, mais que uma comparação, tudo o que vemos todos os dias nos revela como o Reino já está presente, já acontece, já está a germinar.
Até parece dizer como é preciso entrar neste movimento em que tudo à nossa volta nos diz que o Reino está aqui, mas é preciso saber descobri-lo bem e apanhar-lhe o ritmo, mergulhando na consciência da presença dele, vivendo hoje e agora segundo os critérios dele.
É do coração da vida quotidiana, pisando o mesmo chão e comendo o mesmo pão deste povo que também ele é, que Yeshuah fala do Deus libertador. Faz assim “descer” o Deus de Israel até à mesa dos pobres, até ao mais íntimo e simples da vida de cada dia.

Deus “vê-Se” nas sementes, na maior das árvores, na terra de cultivo, nas colheitas…
Deus “toca-Se” nas flores do campo e nos pássaros…
Deus “olha-Se” no pai exageradamente bom com os filhos bons ou maus, e no patrão interessado em dar oportunidades para colaborar no trabalho, com um sentido e uma lógica de retribuição e de justiça tão diferente da nossa…
Deus “contempla-Se” na mulher que usa o fermento para o pão, e também naquela que varre a casa à procura do melhor que tinha…
Deus “saboreia-Se” no banquete, na festa onde há sempre lugar para todos, para onde ninguém irá com vestes de penitência, mas as vestes da alegria do perdão…
Deus “revela-Se” na preocupação exagerada de um pastor por uma única ovelha, num rebanho de 100…
Deus “descobre-Se” nos tesouros enterrados e esquecidos…

Deus não está longe, está perto, está aqui, está completamente dentro da tua vida e da minha vida… completamente comprometido em ser vida dentro da tua vida e dentro da minha vida…

Até já…

1 comentário:

Anónimo disse...

Doce Anawîm.


Acabei de ler seu texto lindo, como sempre.
Como faz bem à nossa alma.


Abraços.
Uma amiga do Brasil.