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Outonos dourados escondidos... de outras estações


















Entre as árvores do bosque,
mesmo sem a agitação do vento,
aqueles pedacinhos de árvore vão-se desapegando
e
como flocos de neve coloridos bailando,
vão deslizando,
vão morrendo,
num grito baixinho
de quem quer voltar à terra do verão quente

Pedacinhos de árvore
avermelhados
cor-de-oiro
acastanhados,
numa harmonia pobre e tão bela
formam um Manto,
cuidadosamente tecido pelo Divino Senhor,
manto com o qual Ele cobre a terra.
Manto de morte que cobre a terra viva.

E a terra adormece
debaixo do manto frio e sem vida
E as árvores
tristes e nuas choram
porque não ouvem o canto dos pássaros que se foram

Ouve-se sim, baixinho,
o bater do coração da Vida
debaixo desse manto de morte...
Ouve-se, baixinho
esse canto da esperança.
E esta criatura,
reveste-se deste manto magnífico
e morre com ele,
sem deixar que o coração deixe de bater...

e eis o abraço na terra inteira
e nela morre
sem deixar de cantar
baixinho
a esperança,
e eis que se cala com esse silêncio da paz e alegria,
se cala esse choro das árvores
tristes e nuas
porque não ouvem o canto dos pássaros que se foram

Eis o monge,
vestido de morte,
Eis o monge,
cantando a esperança da vida
Eis o monge,
ardentemente esperando ser tecido
pelas mãos do Divino Senhor,
tecido com todos os monges
e todos as Humanidades...
em todos os lugares...
de todo e qualquer tempo sem tempo...
Eis o monge,
no santuário da Vida,
pedacinho de Deus,
que na "morte" adormecido estende os braços,
ao cantar a esperança
estende os braços
porque quer morrer só
e só, enfim,
morrer nos braços d'Aquele que é a Vida... Yeshuah!





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5 comentários:

Anónimo disse...

"Eis o monge" e muitos Anjos. Foi o que li nas entrelinhas, com nomes de Esperança e Alegria, Paz e no canto dos pássaros. Que bem que os escondes. Estarão nos teus dedos saltitando de tecla em tecla a tecer este pedaço de Deus bordado no tempo por ti nos braços dessas árvores avermelhadas.

Bom dia para ti!

Sei que existes disse...

Lindo poema!
Beijinhos

pe.cl disse...

Lindo, lindo é so o que sou capaz de dizer hoje.

Abraço em Cristo.

Anónimo disse...

Queimar as folhas secas do passado,e renová-las no dia a dia,até ao Abraço final,nos átrios do Pai.
Enquanto a missão não estiver cumprida,descansemos e renovemos à beira do poço d'Aquele que nos oferece da Sua Água Viva.

um irmão. disse...

Andorinha do Pai… fizeste-me voltar a caminhar pelos claustros daquela Abadia com esta partilha lindíssima…. Meu Deus, quantas recordações e sinais claros que o voo acabará um dia no meio da seara que espera a ceifa… Grato eternamente… Continua, contina a escrever com a tua alma, mas suavemente, docemente, para que alguns corações de monges de rostos mais enrugados pelas saudades dos silêncios possam aguentar tal abraço do Pai…