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E já lá vão dois anos...

É mesmo!...
Há dois anos, por estes dias, nascia o Blog Anawîm.

Até a mim me custa a crer como já passei por aqui tanto tempo a escrever e a “musicar” e a “fotografar”.

Pois… já que estou em onda de celebração, partilho como é que apareceu este Blog, há dois anos atrás.
É normal que te perguntes se sou homem ou mulher, jovem ou adulto, se a cor da minha pele é branca ou negra, se sou padre, monge ou monja, casado ou solteiro… e foi justamente por causa de todas estas perguntas, que achei absolutamente desnecessárias para começar esta caminhada, que resolvi nunca o demonstrar. As poucas pessoas que sabem da minha identidade nunca o revelam por aqui, e muitos dos que não me conhecem “atrevem-se” a saudar-me carinhosamente com um “Amigo” ou “Amiga” diante dos quais eu sorrio…

Já foram bastantes os clicks neste link, dos que passaram por aqui. Uns ficaram, outros já não voltaram, outros foram chegando… outros que se desiludiram à espera talvez de um simples cantinho “quentinho” poético onde afinal de contas, às vezes, também arde o fogo de alguma agitação quando me zango a sério com esta nossa Igreja que tanto quer zelar pelo povo “simples” e aparentemente “sem cultura” que se possa escandalizar e afastar ao dar de caras com a Verdade… um povo “simples” que hoje já não existe… porque quando as fracas “verdades” que os grandes da Igreja nos apresentam não são coerentes, o aparente povo “simples” já não adere a esta lógica toda em que os técnicos ou doutores especializados ao serviço são indispensáveis… então muita coisa se coloca em causa.
E chego a descobrir que tudo, afinal, só faz sentido nas pequenas comunidades que tudo partilham e se partilham de modo tão espontâneo e feliz como acontece numa família. Sem hierarquias, sem “funcionários” que procuram subir numa espécie de carreira meio profissional dentro da Igreja.
A nossa Igreja não é como um clube de futebol que, por mais erros que cometa é preciso defender cegamente até ao fim, fechando os olhos muitas vezes à Verdade que já não se pode calar.
Passou o tempo em que aquilo que era ensinado nas nossas catequeses nunca era posto em causa… ninguém fazia perguntas ainda que houvesse muita coisa sem sentido, e tanta coisa a contradizer-se.

Tenho percebido que afinal, às vezes, é mais cómodo, menos doloroso, e compromete muito menos não ir à procura da Verdade.

Vivemos ainda muito o praticar os mandamentos da lei de Deus (já do tempo de Moisés), vamos à missinha todos os domingos, e mais a confissão obrigatória uma vez por ano e… está o Céu garantido, e que mais ninguém nos chateie. E o anúncio do nazareno Jesus, o que ele disse com a sua vida, fica enterrado lá bem longe num sepulcro qualquer porque nem faz falta para as nossas pequenitas devoções cheias de superstição popular.

Ver muito disto cansou-me… Cansou-me não encontrar coerência de vida em tanto importante personagem desta nossa Igreja com quem lidei tão perto. Não dessa incoerência de não saber entregar-se mais… mas de não querer entregar-se mais, para preservar a sua própria imagem.
Cansou-me ver tanto modo politicamente correcto de agir, para se estar de bem com toda a gente poderosa, deixando de lado a Verdade, deixando de lado os próprios critérios do Reino anunciado por Jesus.

Cansei-me…!
Só vejo como Jesus não estava minimamente preocupado com a sua própria reputação, que aliás, não poderia ser pior… comia à mesa com pecadores, deixava-se tocar por mulheres de má vida, abraçava as crianças, só pensava em dar Boas Notícias aos que eram considerados como um resto sujo e a mais na sociedade, os anawim. A sua vida, a sua presença, as suas palavras eram sempre tão incómodas para os bem acomodados do seu povo, que se tornou urgente para eles que se calasse de uma vez para sempre.
Canso-me de ver como a minha Igreja, hoje, incomoda tão pouco…
E que posso eu fazer?...

10 comentários:

Anónimo disse...

Meu querido anawim, este espaço é muito importante para mim! Obrigada por ti e parabéns por estes dois anos! Afinal as respostas são pessoas!...Obrigada pela tua paz! obrigada pela tua liberdade!
Grande abraço!

Anónimo disse...

Grande tem sido a tua ajuda para mim!
Desejo que este aniversário se multiplique por 2x2x2x2x2x2x2x2x2x2x2x2x2x2x2x2x2!!!
Isto até pode parecer um exagero, mas não é, é sim directamente proporcional ao bem que me faz!

PARABÉNS PARABÉNS PARABÉNS!!!

Um GRANDE abraço!

José A. Vaz disse...

podes até ser um anjo! quem sabe?! afinal, os anjos não têm sexo (dizem).
MUITOS PARABÉNS pelo aniversário e pelas questões e inquietações levantadas. shalom.

Anónimo disse...

Para o Pai, somos todos filhos...não contam sexo, nem idade, nem caminho percorrido...somos sempre "os Seus meninos"...e quanto mais "pródigos, complicados ou desalinhados mais ele nos abre os braços e estende as mãos...
Um amigo me indicou o nº da tua porta...muitas vezes gostei muito, outras ...nem tanto...desculpa-me! Em tudo isto de "viva virtual", às vezes tenho muito medo de que nos fiquemos por aqui...e, de tanto olharmos para dentro de nós e para o que sentimos, nos arrisquemos a pisar, por distraídos, os irmãos de carne e osso, que às vezes são uns "chatos" e são também a verdadeira Igreja de Jesus Cristo...Um abraço! Parabéns! Glória

José A. Vaz disse...

bom, espero que não te importes mas fiz um post no meu blog dedicado ao aniversário deste blog. apesar de ser um blogger muito fraquinho, sei reconhecer a grandeza e a fecundidade dos colegas da "theosphera". espero que a homenagem esteja à altura deste canto do reino dos céus na terra.shalom.

Anawîm disse...

inês...
oh inês!... Sou eu que te agradeço, e muito!!! Tu sabes bem quanto!...
Que feliz sou também por te conhecer!
Um abraço muito forte para ti.


mila,
EHEHEHE... bem, fazendo as contas, onde é que isso vai dar?...
E tu tens sido um verdadeiro mimo do Abba para mim...
Que delícia de Coração tens, mila
Um abração para ti... quentinho!


Glória...
Glória... se soubesses como gosto dos teus comentários, por aqui, e outros "lugares" onde pouso às vezes...
Fico contente, muito, com a tua sinceridade transparente... pronto... eheh... que bom!... É tão bom termos um sentido crítico em relação ao que lemos ou sentimos, e sermos verdadeiros e coerentes com isso...
Agradeço-te por ti.
Um abraço muito grande para ti

josé,
ó José... agora deixaste-me aqui sem saber o que dizer... se este blog não fosse tão negro até se via que corei um bocado... heehehehehehe...
ó José... agradeço-te MUITO o teu gesto... fiquei mesmo feliz. Que delícia de poema!!!...
Um abração para ti

Elsa Sequeira disse...

Mano, Mano!!!!
Estarei sempre por perto...ainda que muitas vezes passe leia e parta...mas não parto igual, as tuas palavras continuam a ser mági
cas para mim... Adoro-teeeeeeeeeee!!

bjts

Anónimo disse...

Anawîm...

Embora atrasada, quero deixar aqui um forte abraço da amiga do Brasil.
Beijinhos nessa alma que mais parece feminina de tão sensível. Sem nenhum preconceito aos homens.

Que bom se toda a humanidade fosse assim como vc. Aqui seria já o paraíso.

Cátia disse...

Anawin,

Venho dar-te um abraço sentido de parabens por estes dois anos... como é curioso que criamos os nosssos cantos com poucos dias de diferença. Gosto de passar por cá, é certo que não sou frequente "comentadora", mas muitas sao as vezes que passo em silencio para te ler....Obrigada por tudo, pela pessoa linda que és.

Abraço apertado

Ser sempre mais! disse...

É engraçado, não explorei tudo no mesmo dia, é melhor ir passando ir saboreando...
Parabéns pelo espaço, pela ousadia, pelo atrevimento criativo de Seres VOZ, interpelação, provocação, desabafo, critica, comunhão, por te partilhares!

Cansa-te achar que a igreja incomóda tão pouco... entendo-te, mas acho que ainda vai incomodando, talvez devesse incomodar, denúnciar, Amar e partilhar mais!!!
Mas isso também depende de nós, com quem é que a Igreja de Jesus Cristo conta hoje para essa missão?!
Acho que já vais fazendo a tua parte!
Sabes lembrei-me do refrão de um cântico do Movimento shalom "O pão da Igualdade", que acho que se enquadra como comunhão neste tema:
"É Jesus este pão de igualdade, viemos pra Comungar,
nesta luta insistente do jovem
que quer ter voz, ter vez, lugar, Comungar é tornar-se um perigo,
viemos para incomodar,
com a fé e união nossos passos um dia vão chegar."
Sorrisos, IDA